Moldei-te pedaço a pedaço à minha imagem, aos meus desejos, aos meus orgulhos, aos meus medos, aos meus anseios. Moldei-te e criei patamares sobre ti que não pensava que alguma vez fosses alcançar, nem sequer pensava que pudesse haver alguém no mundo com as características que coloquei sobre ti, na mulher ideal, na minha ideia de mulher perfeita. Enquanto te criava e tornava perfeita, através de pensamentos e de textos que escrevia para mim e para o publico na internet, esqueci-me de me criar a mim, de me moldar, de me tornar o desejo daquela rapariga, daquela mulher que criara durante anos na minha cabeça. Senti hoje que a falta foi minha, quem deve levar o cartão vermelho sou eu, pois a culpa é minha. Quero-te interessante e destemida, selvagem e ao mesmo tempo quieta, silenciosa, carinhosa e tímida e eu não sou nem metade do que desejo.
Não moldei em primeiro lugar a pessoa que devia. Eu, a mim, à minha pessoa. E falhei tanto que hoje sinto-me tão distante de qualquer mulher, de qualquer ser do sexo oposto da minha idade que, me começo a ensinar, a sair mais, a procurar e a criar dentro de mim aquilo que desejei em ti, aquilo que sonhei em ti, aquilo que construí sobre ti. Sou eu quem deve estar em primeiro e não uma ideia, um desejo, um sonho de como deves ou não ser. Não posso controlar aquilo que és, aquilo que serás para mim, aquilo que o futuro tem para mim, para ti ou até para um nós.
Parei de sonhar quando deixei de te sentir perto de mim. Quando na minha cabeça a razão tomou o touro pelos cornos e disse que se eu não me tornar interessante ou digno de receber o amor de outra pessoa, então mais vale sonhar para todo o sempre algo que não terei.
Acordei. Não estou totalmente diferente, vejo o mundo da mesma maneira que via ontem. Já não olho para mim da mesma maneira, estou diferente em relação a ti e a tudo aquilo que tenho na minha cabeça sobre ti.
Morrerás em mim no dia em que morrer, no dia em que o meu corpo sentir que não precisa mais de ti para se sentir completo nesta vida. Tu que és a rapariga imaginária, a rapariga perfeita criada e guardada na minha cabeça. Que nunca morras, mas se tiver de acontecer, sabe que não foste em criada em vão. Foste aquilo que tinha medo de ser.
Senti estas palavras por completo. Revejo-me totalmente no que tu sentes.
ResponderEliminarObrigado pelo comentário. Já não recebia um ehá já muitos meses.
EliminarSinto pena que te revejas em algo meu, mas num bom sentido. Pena porque ninguém deve amar algo que não existe, não deve morrer pelo que não se pode tocar. Deve-se amar e poder tocar, amar e poder beijar, amar e sofrer de amores. Amar e desejar a vida eterna para amar um pouco mais.
Obrigado pelas tuas palavras Flicka.**