O teu corpo repousa confortavelmente na minha cama. A cabeça amavelmente aconchegada pela minha almofada ortopédica de feijões. O peito sobe e desce lentamente, à medida que o ar vai-se desfazendo dos gritos de há dez minutos. O corpo acalma uma vez mais.
Considero-te a fundação do meu amor. Foste crescer no meu peito, foste crescer em saudades na minha cabeça, fizeste desvairos acontecer, fizeste a ingenuidade acordar de sonos profundos. Perguntei-me durante tantos anos quem é que eu era, quem queria eu ser, e descobri sobre mim com a tua ajuda mais do que poderia esperar. Foste sempre o meu sol e eu a tua sombra, hoje está na altura de ser eu a respirar sozinho, ter a minha própria sombra e seguir a vida amando os outros como me amaste até hoje.
Nunca estive tão certo e enganado ao mesmo tempo. O teu corpo foi a chave e a tua boca o meu local de tesouro, onde depositei as minhas mágoas, e os meus segredos mais sombrios.
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