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quinta-feira, outubro 1

O acto refilona...

Queria que entendesses que o ciume não faz parte do que sou, mas também sou humano e sofro de ânsias que não consigo controlar, de medos que não consigo calar, de vergonhas que não consigo esconder, de ciumes que não consigo vencer. Entende que o ciume que tenho sobre ti é saudável, que não faz de mim pior pessoa, pois não há mais ninguém neste mundo a dar-te tanto espaço e liberdade para as tuas coisas se não eu.

O acto de refilona com que vens para perto de mim quando me achego mais perto de outra rapariga faz-te tonta, boba, exagerada, mas significa a meu ver que tens medo de me perder, que mesmo confiando em mim, tens carinho, tens preocupação sobre mim. Atacas qualquer fêmea com o qual não te sintas à vontade de a ter perto de mim. Os teus olhos arregalam-se, olhas-a de cima-a-baixo com um ódio e repudio espantado no rosto. Tu não o sabes, e ela também não, mas eu que estou de fora reparo nos olhares que trocam, principalmente tu. E os gestos que fazes inconscientemente na tentativa de lhe mostrar que estás inquieta com a sua presença, que não estás satisfeita de a ter ali contigo. Mexes no cabelo, mordes os lábios, ajeitas o corpo, cruzas e descruzas as pernas incessantemente. Procuras mostrar quem é a minha mulher, a minha leoa, a minha rainha, a minha mais que tudo.

Eu digo minha, mas na tua cabeça eu sou teu, pertenço-te única e exclusivamente a ti. Não gostas de partilhar, principalmente o homem, o namorado, o marido/esposo. Pois ela não me conhece como tu. Ela não sabe do que gosto, não sabe os meus segredos, não sabe lidar comigo. Não foi ela que teve de atravessar o inferno para conseguir ter a relação que tem hoje comigo. Ela não me sabe acalmar, não sabe o que significa o meu beijo sobre a testa, não sabe o gosto de amar alguém que te ama também e que veja para lá do corpo que tens. Tenho ciumes que qualquer outro homem me leve tudo o que guardo com tanto carinho. Que leve a fonte do amor, a chama da minha vida, o orgulho, a beleza, a razão, a bondade, a leoa, a rainha, o meu mar, o meu mundo.

Dá mão do que é teu e um dia terás o mundo.
Dá mão do amor e um dia deixarás de ter coração.
Dá mão da alma e o diabo encarregar-se-à de fazer de ti pessoa.

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