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sábado, setembro 12

Precisas de confiança...

És carne e osso. Carregas dentro de ti as cicatrizes de um amor estragado. Transformou-te na pessoa que és hoje. Tens medo de arriscar, tens medo de dar o próximo passo porque me julgas igual ao outro. E eu compreendo. Fazes as mesmas perguntas uma e outra vez a todos aqueles rapazes de quem gostas e que dizem gostar de ti. Já ouviste tantas vezes as mesmas coisas, as mesmas palavras, os sim, os nãos. E por mais que te esforces lutar contra a raiva, contra a desconfiança que te transforma dia-a-dia não consegues sorrir. Estudas cada um deles, cada um de nós, homens, mais velhos ou mais novos, na esperança de detectar a mentira no nosso rosto, nos nossos gestos. Detectar a mentira nos olhos, nos beijos, nas palavras que nos sai da boca, com a ânsia de que algum possa ser humilde, sincero, honesto e diga com a mão no coração que gosta de ti. Mas nós sabemos de coração, que o teu está despedaçado e precisa de confiança para se recompor. Por outras palavras, precisas de alguém que demonstre amor verdadeiro. O amor puro que te faça voltar a ganhar confiança. Que te faça voltar a sentir desejada, amada, e bela.

Lutas contra as lágrimas que te rolam o rosto, contra as dores agudas que te atacam o peito, com o perto que alcança a garganta impedindo-te de produzir qualquer tipo de som. Lutas contra as lágrimas, prende-las para que eu não as veja. E esperas que com isso eu entenda o teu sofrimento. Anseias que olhe para ti como se tivesses a ganhar forças, a ganhar coragem de seguir em frente, porque achas que chorar sobre o passado é recorda-lo, é voltar a sentir tudo o que se foi e sentes-te fraca se o fizeres. Mas eu digo-te que não precisas de suster essas lágrimas, pois eu quero que chores a dor. Quero que chores tudo o que guardas aí dentro. Quero-te limpa, quero-te tranquila, desafogada do passado, da crueldade dos outros sobre ti. Quando disser que te quero ver muito mais do que uma simples mulher, é porque foste tu quem me tocou no coração e me calou o negro que nele habita.

Vejo em ti um futuro, uma mulher bela com tanto para dar, tanto para viver, tanto para amar. Vejo em ti a afeição, o carinho, a delicadeza, a ingenuidade. Tudo o que precisas é de confiança e que nela te sintas em segurança.

Que vivas das formas mais gloriosas que possas, e morras da maneira mais doce e delicada possível.
Será um privilégio amar-te!

Sobre a imagem: Mirsada Draglj. - Sofreu em 1993 com o estilhaço que entrou pela orelha esquerda e saio pela boca. Tinha dificuldades em manter equilíbrio e sofria de dores. Ficou 100% incapacitada de fazer tudo o que outrora fez. Toda a mulher deve ser tratada com respeito e igualdade. Este texto é em homenagem a Mirsada. Que mesmo depois de ter perdido a confiança nos homens, deixou-se fotografar por um. [Mais informação]

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