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terça-feira, julho 14

Se for para morrer...

Estavas antes deitada sobre a cama, sobre os lençois brancos da cama, completamente nua de costas voltadas para mim. Estava à porta do quarto a maravilhar-me com toda a tua beleza. Espreguiçavas-te, esticavas-te de uma ponta à outra, procurando a minha silhueta, procurando o meu corpo entre os espaços infinitos da cama branca. Tirei a roupa e deitei-me ao teu lado. Cobri-me pela metade como lençol e ao te aperceberes de que me tinha chegado a ti, aproximaste-te com vontade de me provocar o corpo. De provocar as partes intimas.

A minha respiração altera-se a cada toque teu, a cada beijo sobre o meu pescoço, a cada mordida de lábio. Atreveste a ficar com o teu peito nu diante de mim e a aproximar-te para me tocares com ele para que sinta tudo o que tens, tudo o que tens para me dar e saciar a fome que tenho de corpo de mulher. Tu gostas, deliras, excitaste. Suspiras profundamente. A manhã é passada a entrelaçar dedos das mãos, pernas, corpos, unindo-os como se quisessem juntar num só, trocando fluidos, prazeres, dores, provocações. Trocamos por vezes de corpo.

Que coisa tão maluca, vejo-nos a morrer ao lado um do outro, não velhos, não novos, mas sim sem idade, sem nada que mostre a passagem do tempo pelos nossos corpos, pelos nossos rostos. Como se nunca tivéssemos experiência-do a mentira, o desespero, a falta de orgulho, a desilusão, a falta de privacidade, a falta de amor, a falta de paixão, a falta de saudades da vida quando éramos novos. 

Se for para morrer, que o façamos a foder.

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