Sobre o olhar atento das trinta e duas
pessoas que sentadas nas suas cadeiras ansiosamente esperavam pela cerimónia,
atravessas-te tu à frente do meu olhar, radiante, saída de uma preta limousine,
acompanhada do teu pai que fez questão de te abrir a porta e estender a mão,
cumprimentando-te como um verdadeiro cavalheiro. Pude ver a lágrima a rolar-te
pelo rosto, mesmo que tentasses não chorar por causa do momento, por causa das
fotografias que viriam a seguir, soltaste uma lágrima e o teu pai amparou-te no
seu ombro quando o abraças-te, quando o apertaste contra ti como se fosse a
ultima vez que visses o sorriso extraordinário do teu pai.
Seguraste-o pelo braço, ou terá sido ele a
fazer isso? Foi ele quem tomou as rédeas naquele momento. Estavas a tremer e
ele acalmou-te beijando-te a têmpora direita, também ele tremendo. Mas tremia
por ver a sua filha casar. Caminharam lentamente pelo corredor entapetado de
vermelho e esticando o meu braço recebi-te. Chorei ao sorrir-te, ao ter-te
diante de mim, tão bela, tão radiante e perfeita, com esse sorriso branco, com
esses olhos verdes, com esse carinho no rosto e esse amor suave pela ponta dos
dedos.
Sim! Choraste tu.
Sim! Sorri-te eu.
Duas árvores. Foi nisso que nos tornámos
nesse dia.
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