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sábado, julho 26

Sobre o olhar atento...

Sobre o olhar atento das trinta e duas pessoas que sentadas nas suas cadeiras ansiosamente esperavam pela cerimónia, atravessas-te tu à frente do meu olhar, radiante, saída de uma preta limousine, acompanhada do teu pai que fez questão de te abrir a porta e estender a mão, cumprimentando-te como um verdadeiro cavalheiro. Pude ver a lágrima a rolar-te pelo rosto, mesmo que tentasses não chorar por causa do momento, por causa das fotografias que viriam a seguir, soltaste uma lágrima e o teu pai amparou-te no seu ombro quando o abraças-te, quando o apertaste contra ti como se fosse a ultima vez que visses o sorriso extraordinário do teu pai.

Seguraste-o pelo braço, ou terá sido ele a fazer isso? Foi ele quem tomou as rédeas naquele momento. Estavas a tremer e ele acalmou-te beijando-te a têmpora direita, também ele tremendo. Mas tremia por ver a sua filha casar. Caminharam lentamente pelo corredor entapetado de vermelho e esticando o meu braço recebi-te. Chorei ao sorrir-te, ao ter-te diante de mim, tão bela, tão radiante e perfeita, com esse sorriso branco, com esses olhos verdes, com esse carinho no rosto e esse amor suave pela ponta dos dedos.

Sim! Choraste tu.
Sim! Sorri-te eu.


Duas árvores. Foi nisso que nos tornámos nesse dia.

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