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quarta-feira, outubro 2

Começo a perder o jeito de viver as aventuras sozinho...



Pensas em mim quando estás sozinha e sem mais ninguém para te amar? Eu penso. Penso muito, porque quando estou sozinho e sem ninguém para me amar perco-me em pensamentos que não são os melhores, não são os mais saudáveis ara mim. Eu sou o homem que nunca terás e tu a mulher que nunca terei. Perco-me nas curvas do teu corpo, nas linhas que os teus olhos criam no horizonte quando olhas através de mim. Sim é assim que te vejo, senhora, rosada nas bochechas, mãos brancas e pele do corpo pálida, sardas na cara, cabelos louros, olhos azuis como a água que corre no rio, lábios cor-de-rosa avermelhados.

Estou a ficar velho e começo a perder o jeito de viver as aventuras sozinho, começo a perder a voz e no coração as conversas começam a ter mais produtividade. As mãos começam a ganhar calos, a ficarem enrugadas e deformadas, os cabelos brancos começam a aparecer e tu parece que à medida que o tempo passa vais ficando mais jovem, mais bonita, mais limpa do peso que a idade tem sobre as costas, limpa dos medos, limpa das coisas más, porque já mal olhas para trás, já mal deixas que as portas se fecham sobre ti. Soltas gritos de contente e choras quando sentes vontade.

Um dia morreremos e tudo o que fizemos e não contámos a ninguém ou não escrevemos com palavras será esquecido. Perdemos a voz, perdemos a sensibilidade nas pontas dos dedos, nos corpos, mas os olhos e os lábios continuarão a sentir o amor de cada um.

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