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quinta-feira, setembro 5

Fiquei a pensar em ti o dia todo...

Sete da manhã, linha de comboio com ligação a Aveiro. Entrei e deparei-me com uma figura feminina com um olhar espantoso, calmo mas com um interior muito intenso, tão forte e vibrante. Conversava com alguém, talvez a mãe ou uma tia, ou um simples "estranho". Olhava-me procurando desvendar pormenores sobre a minha pessoa enquanto eu tentava fazer o mesmo mas com timidez. Observava-a a ler ou a estudar apontamentos. As penas tinha-as cruzadas com os pés virados para mim, apercebi-me logo sobre o seu interesse. Também eu tinha interesse em saber-lhe muita coisa, saber-lhe o nome, ver melhor aqueles ser olhos vibrantes, pode saborear os lábios encarnados. E se pudesse ir mais longe e perdoai-me quem me lê, adoraria afagar-lhe o peito, senti-lo com as palmas das minhas mãos. Mas o principal era saber o nome e o número de telemóvel. Queria tanto dizer-lhe algo mas não sabia o que fazer nem o que dizer.

Olhava-a com um certo cuidado, não me queria intrometer na sua leitura, no seu espaço pessoal. Assim que chegou o meu destino apercebi-me que por mais que a olhasse, por mais que lhe quisesse dizer alguma coisa, sentia que já não havia nada a fazer, a oportunidade tinha morrido ali.


Levantei-me e dirigi-me para a porta e olhei-te várias vezes e quando te apercebeste de que era ali a minha ultima estação, olhaste-me com um olhar choroso e preocupado. Custou-me tanto olhar para ti assim. Não trocámos palavras só simples olhares na viagem que durou vinte e dois minutos. 
Esse cabelo meio loiro e as ancas, oh essas ancas e essas pernas deixaram-me nervoso de olhar para ti, olhava mas ficava com vergonha, vergonha de apreciar a tua beleza. Lembro-me que deixaste cair um clip e eu apanhei-o e deito olhando nos olhos e agradeceste com um "Obrigado jovem" somos todos jovens.

Fiquei a pensar em ti o dia todo.

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