Foi em Viana que te encontrei. Foi na tua terra que me encontrei. Foi em Viana que me deliciei por ela e por ti. Foi em Viana...
Foi no meio da multidão de meio milhar de raparigas, onde cada uma com o seu próprio sorriso, cada uma com o seu delicado olhar, cada uma com a beleza dos anjos no rosto, te fui encontrar. Com o olhar decidido posto no horizonte, de sorriso curto, de rosto sardento e cabelo de cenoura.
Estavas linda Inês assim em tão belo sossego de alma, ledo e cego. Nenhuma alma pode pecar à tua beira. É impossível ir a Viana e não desejar ficar por aí a viver. És impossível de esquecer, és impossível de dizer que não. Foi nas tuas mãos que deitei a minha alma, deitei também a minha infância toda. Depositei tudo de mim em ti e nada pedi de ti. Já me tinhas dado tudo. Palmilhas Portugal de lés a lés na altura das romarias e dos festivais de folclore e o meu maior medo é que nunca te possa eu ver nem que seja um único dia, um pedaço do teu sorriso, um pedaço do teu carinhoso e delicioso olhar.
O amor que tens depositado em mim não chega para mostrar ao mundo a maravilha do universo em que te tens tornado com o passar de um só ano. Ganhei raízes de ti. Guardo todas as tuas fotografias bem escondidas em gavetas e quando saio de casa, levo-te em memórias, levo-te em desejos. E os dias passam e nada se torna mais agradável do que ver-te de dois em dois meses na belíssima cidade do Porto. Arranjas sempre maneira de me ver, de me mostrar que sofres de amores, de saudades aterrorizantes e desconfortantes. Dizes-me que o meu demónio anda a invadir-te os sonhos todos os dias e faz em ti ânsias e desconfortos para que não durmas sem mim. Contas-me tanto e eu outro tanto te tenho por contar. Somos simples, gosto de pensar assim. Em breve voltarei a ver-te trajada e os meus lábios poderão sentir-te de novo. Dar-te-ei a mão para que não tenhas receio, ou que a ideia de me perder surja constantemente na tua cabeça.
Eu conheço os segredos da escuridão. Iremos enganar a morte!
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