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sexta-feira, abril 17

Foste fácil de amar...

Foste fácil de amar quando a trovoada não rasgava os céus.
Foste fácil de cuidar quando o calor não nos atormentava.
Foste fácil de agarrar quando a birra não te atacava.
E o teu avô sempre me disse que foste boa de educar.

A escuridão abata-se sobre a minha memória fazendo-me recordar pesadelos e dores que sofri no corpo com a tua ausência. Recordar sentimentos tão profundos como o desgosto da tua morte levam-me aos poucos deste mundo. Irão algum dia as recordações que tenho de ti, limpar a vergonha? Limpar a tristeza? Limpar a saudade que me cresce no peito? Irão elas algum dia lavar os demónios que carrego nos olhos e os que na alma vou ganhando?

Deixaste cá um pedaço de ti. Um pedaço enorme da tua força, do teu amor, do teu sorriso, do teu carinho, da tua alegria que me aquecia a alma. Todos os dias vejo o teu sorriso no dela e em todos estes dias, teima ela em fazer-me lembrar de ti. Brilham os seus olhos ao olhar para mim. Sinto-te nela. Desejava que nada tivesse de ser como é agora. Adorava partilhar tudo contigo. Cada dedo esticado, cada choro, cada queda, cada lágrima, cada sorriso, cada fralda, cada passeio pela praia, cada pesadelo, cada coisa pequenina que ela traz ao mundo.

O tempo tratará de compensar tudo.

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