Páginas

terça-feira, dezembro 2

As minhas mãos sobre os teus ombros...


Ponho os olhos no teu peito, ponho as palavras na ponta da língua, coloco as minhas mãos sobre os teus ombros, sobre o teu rosto, sobre os teus cabelos. Olha para mim por-favor. Gosto de como o jeito ameaçador do teu olhar me faz arrepiar a pele do corpo. O sangue aflui ás tuas bochechas, as sardas ganham cor, os olhos intensificam o brilho, o corpo meça a tremelicar levemente. Separas os lábios enquanto esticas o pescoço para que o possa beijar. Mais do que desejar-te o corpo e a sexualidade, é perder tempo a conhecer-te, a entender-te, a sobreviver ao dia-a-dia com a preocupação no coração. Com borboletas na barriga, tendo-te no pensamento quase constantemente. Mais o teu sorriso, mais o teu "amo-te", mais o "gosto de ti". Há tanto que merecemos. E mais do que sermos felizes, merecemos desaparecer do mundo quando entramos em casa. A nossa única casa onde podemos pintar as paredes de negro, onde as palavras poderão sair sem que os outros se preocupem com a nossa vida. Com os nossos sentimentos preocupamos-nos nós e a nossa vida é feita apenas por nós.

Oh amor, que história contam os outros sobre o passado que tivemos? Surgem como leões na savana a querer apoderar-se da nossa vida, como se fizessem questão de nos fazer sentir de que não há sitio nenhum no mundo onde nos podemos esconder dos seus olhares, das suas cruéis palavras, dos gestos, dos horrores que querem provocar, das mentiras que espalham como sendo verdade. Acreditam eles que assim tocam o céu e que o inferno será para nós. Diria antes, tal como tu, que o céu irá arder e o inferno irá ganhar a luz que injustamente plantaram no céu.

Dizem que a verdade dói. Querem eles levantar a guerra. Sorte a deles que estamos em tempo de prendas.

Sem comentários:

Enviar um comentário