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segunda-feira, abril 18

Ouço-te chorar...


Ouço-te chorar de levezinho, quando te dou colo, ou, quando te vens aninhar no meu peito. Ouço-te sofrer. Sinto o teu corpo tremer cada vez que tentas controlar as lágrimas que te borram a maquilhagem. Pergunto-te levantando-te a cabeça, direccionando esse teu bonito olhar até que me alcances a timidez. "O que tens bebé?".

Tu, pegando na manga da camisola, limpas as lágrimas, à medida que respiras fundo, e mandas um bafo quente no meu pescoço. Dizes com vozes de menina triste e sozinha. 
- "Tenho medo de te perder. Medo de que amanhã o dia acorde de pernas para o ar e tu não passes de apenas um sonho. Se isto é um sonho, não quero acordar!". 
- "Tola." 
- "Sou tola, eu sei. Mas eu quero ficar aqui para sempre contigo. Sentir o teu calor, o teu carinho nos meus cabelos. A tua timidez nos meus lábios. Quero-te aqui, comigo." 
- "Não tenhas medo." 
- "Tenho sim Pedro. Tenho medo de te largar e nunca mais te encontrar."

Por muito que queira tirar desse teu coração e dessa tua cabeça, os medos que não te deixam dormir de noite, um dia perceberás que as coisas vão e ficam. Outras vão e se perdem para sempre. Gosto de te ter no meu coração.

1 comentário:

  1. Somos assim. Aquilo de que gostamos é aquilo que temos medo de perder. Acontece-nos muitas vezes isso, mas esquecemos-nos de uma coisa:
    tudo o que começa tem um fim. Esse fim pode ser instantaneo, pode durar pouco ou muito tempo, mas um dia chegará.

    Este texto remete-me a um sentimento de paixão, de sonho, de tristeza também.

    Passa-se com todos nós.

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