O coração pesou-lhe no momento que estendeu os braços para me
alcançar. As mãos começaram a tremer, as palavras saíram balbuciadas pela boca
e o rosto ganhou a palidez da neve e as bochechas o afogueado da maçã madura.
Os olhos soltaram lágrimas, não de tristeza, mas de uma felicidade complexa, incessante,
que a penetrava a cada passo. Olhei-a de relance, jogando logo de seguida os
olhos ao chão mordendo os lábios, na tentativa de apertar dentro de mim, de
segurar às portas de cada um dos meus olhos, as lágrimas que me queriam fazer
frágil. Mas, por muito que tentasse segurar, por mais que apertasse os olhos,
não as pude controlar, foi também quando me deixei levar pelo momento e, as
lágrimas pintaram-me o rosto. A voz tremeu ligeiramente ao saúda-la.
Ela passou a mão pelo cabelo, ajeitando-o, expondo o seu
rosto triste e delicado. Acabei por me chegar a ela, de a apertar nos meus
braços, de a elevar no ar e beijar-lhe qualquer parte do seu rosto, porque não
queria nada mais do que sentir-lhe o corpo de novo, sentir-lhe a alma quente, o
cheiro do perfume. Então ela pousou o rosto violentamente sobre o meu ombro,
onde se aninhou, preparando-se para me falar, recebendo todo o amor que podia
do meu corpo, tudo o que podia através daquele abraço apertado. Estava capaz de
achar que me tinha chorado as saudades e a prórpia morte, bem ali no meu ombro.
Retirei-a ao de leve e fitou-me o rosto.
Cintilavam com tanta força, que podia ver os seus tenros olhos a andarem de um lado
para o outro observando a minha cara, até que proferio algumas palavras de nó
na garganta.
"Que desta vez haja mais tempo para nos conhecermos.”
Sorriu, fechou os olhos e refugiou-se no meu peito.
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