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segunda-feira, outubro 20

Eu sei que posso eu não ser o tal...

Ela está diante do altar e eu sentado na plateia observando aquela cerimonia tão maravilhosa, tão ao seu jeito. O casamento perfeito, com tudo o que ela sempre sonhou, com tudo o que ela sempre quis. É tão bom vê-la com aquele brilho no rosto e a lágrima pronta a sair do canto do olho. Quando o padre está prestes a casa-la com o homem que com ela vai para sempre ficar, levanto-me e tudo olha para mim, tudo suspira alto e o meu coração começa a bater com muita força. Eu quero falar mas a minha voz não sai, quero andar, mas nem do lugar consigo sair. E é então que solto estas palavras:
"Há uma coisa que te preciso de contar antes de te deixar ir, para que de alguma maneira eu possa finalmente descansar de todo este constante arranhar de coração."

Eu sei que posso eu não ser o tal, aquele com quem não decidiste casar, que posso não ser o homem perfeito para ti, ou aquilo com que sempre sonhaste todos estes anos de vida, eu sei que sou imperfeito e que posso por vezes ser uma pessoa difícil, eu sei. Mas quando se trata de ti tudo muda, o mundo cala e, à volta tudo fica silencioso. Dás-me alegrias em formas de sorriso, em formas de amor, de carinho, de mimos, de sons, os sons agradáveis da tua voz, a paz que habita nos teus olhos e o brilho que deles iluminam o meu coração, a minha alma. É agradável sair contigo, estar contigo, fazer tudo contigo. É agradável ver-te sorrir. Oh como me encanta ver-te de sorriso posto no rosto e com um leve brilho nos olhos da cor do caramelo. Os teus beijos são mimos do céu, são encantos de alma que não consigo engolir. Adoro a suave pele das tuas mãos, das bochechas rechonchudas e calorosas que se pintam de vermelho ou cor-de-rosa quando te faço corar, ou te encanto a alma. A tua voz acarinha-me o coração e, acalma-me o peito. Adoro como tu choras, é tão doce e desajeitada, tão meiga e delicada. Gosto de ti e não sei bem porquê. Gosto de ti assim, com esse olhar com que me olhas agora, com esse carinho que carregas no peito, com esse orgulho que trazes na ponta da língua, na atitude tão louca que por vezes te fere e faz o sangue correr desalmadamente pelo teu corpo. Adoro quando bates o pé e dizes o que tens a dizer. Adoro quando colocas a mão sobre o meu peito e me dizes para ter calma. Gosto da maneira como caminhas, como as tuas ancas se movem. Podes não ser perfeita aos teus olhos, podes achar que tens milhares de imperfeições, tenho-te a dizer que se não fosses tão imperfeita, também nunca serias tão perfeita dentro dessas tuas imperfeições. Completas-me e nada mais me importa.

Todos os momentos que passamos juntos são tão fortes, tão completos e naturais. A tua maneira de ser cativa-me o espírito, motiva-me a alma. Esse bichinho que escondes de toda agente, esse pequenino segredo que escondes em cantos e recantos no coração, esse delicado amor que fechas a sete chaves dentro de ti seja apenas usado com as pessoas de quem gostas. A certeza de que serás uma grande mulher, uma maravilhosa mãe com uma vida cheia e completa faz-me querer dizer-te mais do que estas simples palavras. Por mais que eu tente não sei como te dizer aquilo que me fazes sentir. É complicado dizer-te as coisas boas que me fazes sentir. Sair contigo é viver outra vida.

Por cada dia que te via, mesmo que fosse ao longe, o meu coração batia com tanta força que o conseguia sentir a querer sair-me do corpo, a querer rasgar o peito para ir ter contigo. Adoro a tua maneira de falar, o tom da tua voz, o suspiro que tens na tua respiração. Adoro quando me olhas com esse brilho nos olhos, quando me seguras na mão e dizes que não me queres perder, que não queres que me vá embora e, eu sinto o mesmo, eu sinto o mesmo quando me beijas com esses lábios tão delicados, sinto o mesmo quando te delicio a testa com mimos. Adoro quando o teu corpo toca no meu, quando te enroscas no meu peito e ficas com um olhar bebe, com um olhar doce e carinhoso. Gosto quando berras e quando choras. Gosto quando dizes que vais embora e acabas por voltar atrás e pedir desculpa e beijas-me como no nosso primeiro dia, o dia me que te pedi para tomar café.

A tua voz não pertence à terra, mas ao céu.
Tens vida dentro de ti!
Pedro Miguel Mota 29-12-2013 (Escrito às 23:09)

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