Quando a coroa te foi posta na
cabeça toda agente se ajoelhou, todas as mulheres soltaram lágrimas de ódio, de
alegria, de felicidade, de desprezo, de pena e compaixão. As minhas foram de
orgulho, de te ver assim, tão bonita, tão simples de sorriso rosado, de olhar
tímido e satisfeito, de lágrima prestes a sair-te do canto do olho esbatendo
nas bochechas encarnadas. Se não fosse a tua mão sobre a minha perna a
acalmar-me o batimento do coração, certamente que quando me levantei para
falar, para soltar as palavras que completavam o teu discurso e, certamente
que,… Certamente que não teria forças para falar, certamente que as palavras
não me sairiam da boca como te saíram a ti. Tu estavas nervosa, o que é normal,
pois foste tu a coroada, já eu… Já eu sentia-me a perder o chão debaixo dos
meus pés, sentia que tudo deixara de fazer sentir por breves segundos, por
breves instantes que o teu sorriso e a tua mão foram a única coisa que me
amparou neste desamparo momentâneo. Aconteceu como me tinha acontecido no pesadelo
que tive antes de me sentar, aquela aterradora visão de que as palavras não me
iriam sair bem da boca, que tudo o que eu queria dizer me saia totalmente ao
contrário, foi um pensamento de puro terror.
Julguei mal as palavras que te
saíram da boca. Foram quase todas elas dirigidas a mim, quase todas elas sobre
mim. Sinto um alívio dentro de mim. Já mais te irei largar a mão, já mais te
voltarei a fazer chorar.
Será que este silêncio alguma vez
irá acabar? Voltarei a ouvir o tom da tua voz
e sentir a textura suave e delicada das tuas mãos como senti naquele dia em que a coroa te foi colocada na cabeça?
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