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quinta-feira, abril 28

Gostava que...


Eu não ando com o desejo de ter sexo. Não preciso disso. Não é por não te ter aqui comigo. Por não ter alguém com quem partilhar o suor e a excitação do corpo. É só porque um dia irei novamente ter. E se não tiver, não faz mal. Não me preocupo. Há coisas bem melhores do que só andar a fazer isso. Digo isto porque gosto de ti. Gosto de ti o suficiente para não sentir necessidade de o fazer tantas vezes como antigamente. Só peço que te veja todos os dias, ou pelo menos alguns dias por semana. Apreciar contigo os curtos momentos que vamos tendo juntos. Fazer as cócegas que os pés pedirem e outras tantas debaixo dos nossos braços. Envolver-te num cobertor, o maior que a minha mãe tiver guardado num guarda fatos. Irmos até ao telhado, e ficarmos por ali entretidos a discutir sobre as estrelas. 

Já somos crescidos para saber o que queremos. Não temos que nos chatear. Só temos de tentar fazer as coisas que não estão bem, resultarem para os dois. Meu amor, quanto mais depressa eu estou contigo, mais depressa o tempo passa e eu não quero isso. Queria que o tempo de todos os relógios, que todo o tempo que criámos, parasse. Ficássemos só nós dois, deitados ao lado um do outro, encostados, enroscando-nos como fazem os gatinhos acabados de nascer. Digo, criar a nossa própria moda. Digo pregar-mos partidas por telefone um ao outro. Digo, cairmos de sono em cima um do outro. Para que no outro dia de manhã, as cortinas fossem abertas bem devagarinho e deixasse o sol espreitar para dentro do quarto. Apetece-me muito estar deitado na cama contigo a olhar para mim a passar ao de leve essa mão tão pequenina na minha cara rechonchuda. 

Sabes princesa? Gostava que gostasses de mim. Não digo amar. Digo mesmo, "Gostar de mim!". Mas tu não existes. Tu ainda não és real como o sol que vejo todos os dias. Não és real. Um dia serás. Eu sei que sim.

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